MÉTODOS DE VIOLÃO, por Valmyr de Oliveira

Olá a todos,
Hoje escrevo no Blog da Camerata para apresentar um pouco do meu trabalho acadêmico, no qual venho dedicando muito do meu tempo e é ligado à educação musical e o meu instrumento, o violão. Espero que sacie os curiosos e ajude a informar aos que precisam. Deixo aqui aberta toda contribuição que possa enriquecer esta pesquisa e contribuir para a comunidade musical, violonistica e de apreciadores interessados no assunto.

Método, em seus diversos significados, pode traduzir um meio de se fazer alguma coisa específica de acordo com um planejamento, um sistema que regula uma determinada atividade, um modo, um meio de agir, uma maneira de se comportar, um procedimento técnico científico, um conjunto de regras ou princípios normativos que regulam procedimentos. Ao meu ver, o significado de método mais adequado ao contexto em que se propõem os métodos de violão e de como eles foram desenvolvidos é bem definido por Aurélio Buarque de Holanda Ferreira como um “caminho para chegar a um fim, caminho pelo qual se atinge um objetivo, processo ou técnica de ensino” (1999, p.1328). No contexto aqui abordado, um método de violão é a organização de um conjunto de procedimentos de ensino e aprendizagem, disposto através de um planejamento.

Os métodos de violão, como forma de organização didática, têm o sentido de orientar um estudo sistemático no aprendizado do instrumento, e começaram a surgir a partir do período clássico. Baseado nas datas de edições, os métodos aqui estão organizados a partir do estilo de época em que foram constituídos, tais como: pré-clássico, clássico, romântico, moderno e contemporâneo. Apesar de as datas das edições justificarem a classificação de métodos dentro dos períodos moderno e contemporâneo, percebe-se uma forte influência da estilística romântica sobre os trabalhos considerados moderno e contemporâneo, o que traduz uma característica muito conservadora, até hoje praticada no ensino do “violão clássico”.

Enfim, a força da “escola romântica” ainda é considerada por muitos didatas do violão como de fundamental importância para a iniciação do aprendizado e desenvolvimento de uma boa técnica na execução do instrumento.

Métodos organizados por estilos de época:

Pré – Clássicos

FERANDIERI, Fernando. Arte de Tocar la Guitarra Española por Música. Madri, Editor Pantaleon Azmar, 1799.

MORETTI, Frederico. Princípios Para Tocar la Guitarra de Seis Ordenes. Madri, Editor José Rico, 1799.

Clássicos

AGUADO, Dionisio. Méthode pour la Guitare. Paris, L’auteur, 1826. Minkoff, Gêneve, Ed.fac-similada, 1980.

CARCASSI, Matteo.  Méthode Complète pour la Guitare, Paris. Troupenas, 1836. Minkoff, Gêneve, Ed.fac-similada, 1988.

CARCASSI, Matteo. Novo Método de Violão Opus 59. São Paulo, editora Irmãos Vitale. 2000.

CARULLI, Ferdinando. Methode Complete Pour Parvenir a Pincer de la Guitarra – Op. 241. Paris, Editeur Monsieur Carli. 1825.

CARULLI, Ferdinando. La Harmonia Aplicada a la Guitarra. Paris: 1825. Minkoff, Gêneve, Editeur Monsieur Carli. Paris, Ed.fac-similada, 1987.

COSTE, Napoléon. Méthode Complète pour la Guitare par Ferdinand Sor, rédigée et augmentée par N.Coste. Paris, Schonenberger, ca.1845.

GIULIANI, Mauro. Studien für  Gitarren. Heft I-30 und Heft II-31. B. Schott’s Söhne. Mainz, 1957.

GIULIANI, Mauro. Método Per Chitarra. Milano, Ancona, Edizioni Musicali Berben, 1964.

SOR, Ferdinando. Méthode pour la Guitare. L’auteur, Paris, 1830. Minkoff, Genève, Ed.fac-similada, 1981.

SOR, Ferdinando. Method for the Spanish Guitar. London, 1896. Ed.fac-similada: New York Shattinger Internacional Music Corp, 1977.

Românticos

ARENAS, Mario Rodrigues. La Escuela de la Guitarra, libro Iº, IIº, IIIº. Bueno Aires, Ricordi, 2007.

ARENAS, Mario Rodrigues. 27 Estudios Superiores , libro IVº. Bueno Aires, Ricordi, 2007.

ARENAS, Mario Rodrigues. Estudios e Preludios, libro Vº. Bueno Aires, Ricordi, 2007.

ARENAS, Mario Rodrigues. Técnica Superior libro VIº. Bueno Aires, Ricordi, 2007.

ARENAS, Mario Rodrigues. Estudio Conmpleto de las Escalas y Ejerciocios en 3ª, 6ª, 8ª y 10ª  libro VIIº. Bueno Aires, Ricordi, 2007.

PUJOL, Emilio, Escuela Razonada de la Guitarra, 1º,2º, 3º, 4º vols. Bueno Aires, Ricordi, 1934.

Modernos e Contemporâneos

CARLEVARO, Abel. Serie Didática para Guitarra Cuarderno Nº1 – Escalas Diatônicas. Buenos Aires, Editorial Barry, 1966.

CARLEVARO, Abel. Serie Didática para Guitarra Cuarderno Nº2 – Tecnica de la Mano Derecha( Arpejos e ejerciocio vários). Buenos Aires, Editorial Barry, 1966.

CARLEVARO, Abel. Serie Didática para Guitarra Cuarderno Nº3 – Tecnica de la Mano Izquierda( Traslado de la mano izquierda en el diapasón). Buenos Aires, Editorial Barry, 1966.

CARLEVARO, Abel. Serie Didática para Guitarra Cuarderno Nº4 – Tecnica de la Mano Izquierda( Conclusion).Buenos Aires, Editorial Barry, 1966.

CARLEVARO, Abel. Escuela de la Guitarra – Exposicion de la Teoria Instrumental. Buenos Aires, Editorial Barry, 1979.

FARIAS, Hector; ZARATE, Jorge Martinez. Guitarra y Educacion Musical Contemporânea 1º caderno parte A. Buenos Aires, Barry Editorial, 1972.

FARIAS, Hector; ZARATE, Jorge Martinez. Guitarra y Educacion Musical Contemporânea 1º caderno parte B. Buenos Aires, Barry Editorial, 1972.

FARIAS, Hector; ZARATE, Jorge Martinez. Guitarra y Educacion Musical Contemporânea 2º caderno. Buenos Aires, Barry Editorial, 1972.

SAGRERES, Julio. Las Primeiras Leciones de Guitarra. México, Ed. Musical Ibero-americana, 2007.

SAGRERES, Julio. Las Segundas Leciones de Guitarra. México, Ed. Musical Iberoamericana, 2007.

SAGRERES, Julio. Las Terceiras Leciones de Guitarra. México, Ed. Musical Iberoamericana, 2007.

SAGRERES, Julio. Las Cuartas Leciones de Guitarra. México, Ed. Musical Iberoamericana, 2007.

SAGRERES, Julio. Las Quintas Leciones de Guitarra. México, Ed. Musical Iberoamericana, 2007.

SAGRERES, Julio. Las Sextas Leciones de Guitarra. México,  Ed. Musical Iberoamericana, 2007.

SÁVIO, Isaias. Escola Moderna do Violão, Volume 1º, 2º. São Paulo, Ed. Ricordi Brasileira, 1947.

STIMPSON,  Michel. The Guitar, a guide for students and teachers. Oxford, Oxford University Press, 1988.

 Brasileiros

GALIFI, Gaetano. Iniciação ao Violão Opus 41. São Paulo, Editora Irmãos Vitale,  2010.

PINTO, Henrique. Iniciação ao Violão(princípios básicos e elementares para principiantes).  São Paulo, Editora Ricordi Brasileira, 1978.

PINTO, Henrique. Iniciação ao Violão, volume II (complemento).  São Paulo, Editora Ricordi Brasileira, 1999.

PINTO, Henrique. Curso Progressivo de Violão.  São Paulo, Editora Ricordi Brasileira, 1982.

ROCHA FILHO, Othon. Minhas Primeiras Notas ao Violão,  volumes 1 e 2.  Rio de Janeiro,  Editora Irmãos Vitale, 1966.

SOARES, Oswaldo. A Escola de Tarrega – Método Completo de Violão. Rio de Janeiro, Editora Irmãos Vitale, 1962.

 

Assim como o violão, no contexto da sua história, transforma-se e desenvolve-se estrutural e tecnicamente, também se constitui didaticamente associado aos estilos de época conforme são organizados na evolução da história da música tendo os métodos como testemunhos diretos deste desenvolvimento, aliado à construção de um repertório que também o caracteriza significativamente. O quadro acima apresentado intenciona produzir, através da organização dos métodos, uma associação sistemática, a partir da evolução dos estilos de época e de suas influências.

Observo aqui que entendendo também, o violão como instrumento musicalizador, mesmo que tenhamos uma recorrente busca aos exercícios propostos principalmente por métodos dos períodos clássico e romântico, vemos em métodos constituídos recentemente como, por exemplo, Guitarra y Educacion Musical Contemporânea (Farias e Zarate) abordagens que associam o aprendizado do violão com processos de educação musical.

Esses trabalhos aliam-se a metodologias surgidas a partir do século XX, utilizando-se de uma linguagem de sinais e símbolos usuais e característicos do repertório contemporâneo e, por consequência, do violão contemporâneo.

Assim sendo, os métodos trazem na sua evolução uma importante contribuição não somente para a constituição didática do instrumento, mas também por caracterizarem o estudo da amplitude de seus recursos técnicos, explorados no bojo do desenvolvimento do próprio instrumento.

Valmyr de Oliveira.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Scroll to top